Dou comigo muitas vezes a pensar na minha terra natal, a bela cidade de Benguela. Naquela Terra onde nasci e onde o tempo não tem tempo. Vim de lá muito novo, mas nunca a esqueci. Vêm-me à memória, as suas casas, a bela praia morena, as palmeiras, e os jardins cheios de acácias de flores vermelhas. As saudades do Cavaco, lugar onde eu brincava junto dos filhos dos negros que trabalhavam para o meu pai. Lembro-me como se fosse hoje, dos bananais que o meu pai cultivava. O corte dos cachos de bananas que depois transportava numa camioneta, para o Lobito. Lembro-me perfeitamente dos comboios movidos a carvão ou a lenha... já não me lembro bem... carregados de cana do açúcar acabada de queimar. Ia para a beira deles vê-los passar sempre na esperança que caísse alguma cana, para depois a descascar e sugar a sua seiva bem docinha. Vivíamos no Cavaco, que distava alguns quilómetros da cidade de Benguela. Estas duas localidades, isto é, se podermos chamar ao Cavaco uma localidade, eram ligadas por uma estrada de terra batida que em dias de chuva se tornava de tal modo barrenta que os carros não conseguiam passar. Recordo, um desses dias, em que apanhados num meio de uma chuvada foi com muita dificuldade que chegamos a nossa casa, com a carrinha a escorregar e sempre a atravessar-se na estrada.
Nem tudo eram rosas. Vivíamos isolados e a ideia do terrorismo era terrível. E realmente eu tinha medo dos terroristas... apesar de não ter muito a noção do que era isso. Mas tirando isso, Angola era um país maravilhoso... sonho um dia lá voltar .
Escrito em 02/02/2007
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